quinta-feira, 8 de julho de 2010

RELATO PESSOAL



MUNDO CRUEL
Oi, meu nome é Tiquinho. Sou um pequeno pardal. Ultimamente, sinto-me muito só.

Tempos atrás, eu era cercado de amigos. Na verdade, era o mais forte e o mais veloz de todos de nosso bando, até que certo dia aconteceu uma tragédia: fui tomar meu café da manhã com os outros pássaros e percebi que as migalhas de comida caiam de meu bico. Ele estava quebrado!

A partir de então, todos começaram a se afastar de mim, talvez pelo fato de que naquele momento estava fraco por não podia comer. Os amigos que pensei que tinha não sabia mais onde estavam. A verdade é que ninguém se importou em me ajudar no momento em que tanto precisei.

Nos primeiros dias, não foi tão difícil tentar sobreviver. Eu ainda conseguia retornar ao nosso ninho, mas uma semana depois tive que procurar outro lugar para me abrigar, pois minhas asas já não suportam o peso do meu pequeno corpo.

Fiquei mais fraco a cada dia. Não conseguia mais voar. Queria encontrar uma solução ou alguém que ficasse ao meu lado e me ajudasse. Mas o que parece é que as pessoas não viam o que acontecia comigo, aliás, não só comigo. Parece que não enxergam nada além do próprio umbigo, ou bico.

Eu só queria que me ajudassem, que me dessem atenção e não passassem por mim como se não houvesse nada errado, como se não houvesse ninguém sofrendo.

Na verdade, o que eu mais queria é que eles pudessem enxergar o que eu tenho por dentro: os sentimentos! Mas esse nosso mundo se torna cada vez mais fútil e as pessoas só se importam com as aparências e se esquecem de que, independente da cor das penas e da força das asas, há um ser com sentimentos, problemas e dores reais, que sofre com a exclusão e o desprezo.

Queria que fizessem comigo como na citação de um certo livro do qual não me recordo o nome: “Tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber”.

(Camila Albuquerque e Manuela Raya - Segundo ano B- Colégio Ressurreição- Baseado no texto "Bicos Quebrados", traduzido por Marina Colassanti)

CONTO



VENDE-SE UMA MOTOCA

Era verão. Na janela do quarto da pequena casa em cima do morro, estava Camila Oliveira, esperando seu amado pai, que, após a morte da sua mãe, nunca mais dera um sorriso. Só abria a boca para dizer boa noite à filha e para respirar ofegante após carregar sacos de cereais no armazém em que trabalhava. No Morro dos prazeres, onde morava a família oliveira, era comum o bom relacionamento entre os vizinhos, mas, após a morte da matriarca da família, houve um isolamento de seu Artur, que nunca mais foi jogar a pelada do domingo e nem participou das reuniões da comunidade.

Camila tinha três anos. Amava o período da manhã, pois era o tempo que não ia para creche e que ficava com o pai, que só trabalhava no período da tarde. Além da televisão, andar de motoca pela sala da casa e, às vezes, nas verticais ruas do morro. Aquele brinquedo era seu principal passa tempo.

Era segunda-feira. Camila se preparava para sair e andar de motoca na rua. De repente, começou uma inesperada chuva e, no mesmo instante, seu Artur, que preparava o almoço, pediu para que a filha ficasse andando no brinquedo na sala e esperasse a chuva passar. Camila gritou o pai e disse que escutou um barulho vindo do teto, mas, dando de ombros, Artur continuou a picar cebolas.

Meia hora depois, Artur acorda cheio de barro e com fortes dores nos braços, cortes pelo rosto e ouvindo gritos por toda parte. Quando olhou para o lado, percebeu o que havia ocorrido . Sua casa fora coberta por uma enxurrada de barro causada por um deslizamento de terra. Naquele momento, também percebeu que seus vizinhos estavam procurando seus parentes nos escombros e nesse momento sentiu um enorme vazio causado pela ausência da filha ao seu lado.

Levantou e começou a gritar o nome de Camila desesperadamente. Perguntou aos vizinhos e aos bombeiros, que chegaram ao momento em que ele estava desacordado. No meio da imensidão marrom, Artur viu uma mancha azul, e percebeu que se tratava do guidão da motoca da filha. Sem pensar, escalou a montanha de terra, cavou com as próprias mãos para retirar a motoca do meio da lama. Quando segurou no outro guidão da motoca, sentiu algo gelado e logo percebeu que se tratava da mão de Camila segurando fortemente aquele brinquedo que tanto amava.

Com a ajuda dos vizinhos, Artur retirou o corpo da filha e, no mesmo instante, uma onda de terror invadiu sua alma. Camila não tinha mais vida. Toda embarreada e sem nenhum hematoma, a menina jazia linda e com um leve sorriso no rosto. Seu semblante, cheio de terra, parecia o de uma obra-prima esculpida em argila. Artur, no meio do desespero, largou a motoca e levou o corpo da filha nos braços, como se a levasse para o céu, tirando-a daquele momento de dor e tristeza absoluta.

Uma semana após o enterro de Camila, seu pai se lembrou da motoca e decidiu procurá-la para ter uma lembrança da tão amada filha. Andando pelo que ainda sobrava das casas, nada encontrou. Descendo o morro desapontado, Artur olha para o lado e vê uma placa escrita: “vende-se uma motoca”. Desesperadamente, ele correu até a porta e chamou pelo responsável ao anúncio. Quando a porta se abriu, era seu velho amigo de pelada que lhe deu um forte abraço de pêsames à morte de Camila.

Após ver a motoca, Artur chorou como uma criança, e sem ter dinheiro algum, disse ao companheiro que lhe desse a motoca, em nome de sua filha. O homem, sensibilizado pelas palavras do amigo, entrega-lhe a motoca e diz que está dando-a em nome da velha amizade. Artur sobe o morro abraçado na motoca como se abraçasse a filha pela primeira vez, arrependo-se de não ter abraçado enquanto podia.
(Felipe Baldo- Extensivo Etapa- Colégio Ressurreição)

CARTA ABERTA



Catanduva-SP, fevereiro de 2010.

Au! Eu sou o Mister Barba. Barba ou Barbinha para “as mina”. Raul Seixas ou Maluco Beleza para “os brothi”. Mas Barba é a minha marca registrada. Gosto de ser o Barba, o dono da rua, o maluco do pedaço. Sou o Barba Ruiva, o cão pirata dos sete bares. Minha praia é o centro de Catanduva. Eu e meus amigos Golden, Encanadinho e tantos outros manos dividimos o mesmo pedaço: a Pça da República, a frente do Itaú desta pça, a Pça da Igreja, o Torra, a Pça Nove de Julho e hum, que delícia, a joalheria da Minas. Lá tem umas minas de ouro. Como anjos alados , nos dão amor e a ração nossa de cada dia. Que delícia é ter amigos assim! Ter quem nos olhe nos olhos, enxergue nossa alma, entende nossas necessidades e nos acolhe! Estenda-me as mãos e dou-lhe minha patinha. Faça o teste quando passar por mim! Se puder me adotar, leve-me e me dê casa, comida, roupa lavada e muito, muito carinho. Sou cão, mas bobo não! Mas se não puder, aceito também só a última parte: o seu carinho, que não lhe é caro, aliás, gratuito até. Ao cruzar (no bom sentido, claro) comigo ou com meus manos pelas ruas da city, olhe para dentro de você e veja o quanto de humano há em você, o quanto altruísta você pode ser. Olhe-nos, enxergue-nos, entenda-nos e, principalmente, acolha-nos. Mas vale um amor de cachorro do que um amor cachorro, não acha?

Se você quiser me adotar, tem uma mina da hora que vai te ajudar a cuidar de mim. Acha! Ela vai nos doar todo mês quinze quilos de ração e uma cesta básica. Mina básica essa, não? Dia desses, ela até me pagou um SPA canino. Fiquei quatro dias lá me esbaldando, tomando um banho de beleza e sendo imunizado. Aquilo é que era vida, bicho! Pena que alegria de pobre dura pouco! De plebe para rei, UI! De rei para plebe, AI! Mas AU, AU... foi uma experiência animal! Ou, sem noção, essa mina é basicamente uma humana feeeera!

Seja um humano fera você também! Pense na minha proposta, hein! A promoção é por tempo ilimitado, mas, parodiando um poeta responsa: “Existe somente um momento para ajudar o cão próximo, o Barbinha que ora vos late digitalmente. Esse momento chama-se PRESENTE, também conhecido como AGORA ou JÁ e tem a duração do instante que passa”. Não deixe esse momento passar! Nossa vida é tão curta! Por que não curti-la com grandeza na alma? Ouça: “Isso me acalma / me acolhe a alma/ Isso me ajuda a viver”...

A gente se encontra nas esquinas da vida, grande!
Se você puder me ajudar ou souber de alguém que queira, me deixe um scrap. Tá ligado?
Barbinha, seu cão criado

CARTA ARGUMENTATIVA



Catanduva, 16 de abril de 2010.
Excelentíssimo Senhor Presidente Barack Obama,

Como cidadão brasileiro e, acima de tudo, habitante do planeta Terra, não posso deixar de expressar meu desapontamento diante da postura de Vossa Excelência e, mais especificamente, de seu governo, durante a conferência climática de Copenhague. Isso se deve à indisposição de seu governo para assumir uma política ambiental mais engajada, mesmo frente a uma iminente catástrofe climática global.

A meu ver, alguém que exerce o cargo de Presidente dos Estados Unidos, nação mais rica e poderosa do mundo, como é o caso de Vossa Excelência, deveria dar o exemplo para os governantes de outros países, tomando posições mais firmes sobre este assunto. Além disso, o senhor tem o dever de “prestar contas” ao mundo pelo fato de seu país ser, ao lado da China, o maior emissor de gases poluentes, como o dióxido de carbono. Assim, levando em conta esses fatores, é realmente vergonhoso o papel que o senhor desempenhou em Copenhague.

Os motivos, principalmente de cunho econômico, que levaram Vossa Excelência a tomar tal atitude podem até ser entendidos quando analisamos a posição ocupada pela economia dos Estados Unidos. Entretanto, esta atitude que, a curto prazo, gera vantagens para seu país, pode, a longo prazo, ter um reflexo catastrófico para todo o planeta. Nesse contexto, o Excelentíssimo Presidente não acha correto abdicar de uma ínfima parcela de crescimento econômico, hoje, em prol de assegurar um futuro para seu país e para o mundo?

Além disso, o crescimento econômico que seria “perdido” num primeiro momento poderia ser recuperado mais tarde de forma sustentável, bastando, para isso, o incentivo a esse tipo de desenvolvimento, como a busca de formas de energias mais limpas. Esse também seria o momento certo para repensar o modelo de vida levado pela sociedade norte-americana, baseado num consumismo insustentável, que caminha para o colapso. Um exemplo disso são os efeitos da crise econômica mundial na população de seu país, que sofreu (e ainda vem sofrendo) com vários problemas dessa ordem.

Assim, como uma pessoa consciente dos problemas ambientais enfrentados pelo mundo, peço, humildemente, para que Vossa Excelência repense seu posicionamento quanto às políticas de combates às mudanças climáticas. Se “sem sacrifício não há vitória”, é justo desacelerar um pouco a economia para que o mundo seja salvo deste funestro futuro que nos assombra.
(Luís Augusto Furlan Financi – terceiro ano B- Colégio Ressurreição)

ARTIGO DE OPINIÃO



O CÉREBRO PELA VIDA

Estão cada vez mais recorrentes na mídia casos de pessoas que são autorizadas por juízes a praticarem o aborto do feto anencéfalo (sem cérebro). Essa decisão judicial tem gerado discussões entre médicos, juízes, órgãos defensores dos direitos humanos e a igreja. Toda essa balbúrdia, de modo geral, está centrada na seguinte questão: um feto sem cérebro tem vida? Para chegarmos a uma conclusão coerente, é preciso que nós, possuidores de cérebro, pensemos racionalmente e nos coloquemos no lugar dos pais de crianças sem cérebro.

Segundo a medicina, normalmente, uma criança anencéfala tem possibilidades mínimas de viver mais de 20 segundos. Com esse tempo, não daria para o bebê sentir o cheiro da mãe e talvez nem para respirar o ar terráqueo. Então, para quê submeter uma mãe ao desconforto e aos riscos de um parto, que só prolongará o sofrimento por mais alguns meses, sabendo que essa dor poderia ser evitada com o aborto?

O principal argumento usado pelos opositores ao aborto está fundamentado no caso da menina anencéfala de Franca- SP que viveu um ano e oito meses. Essa menina, durante seu limitado tempo de vida, não falou, não andou, não comeu e nem respirou sozinha, causando uma desestruturação da família, que viveu em sua função, sabendo que sua morte seria inevitavelmente em breve. Maior do que a vontade materna de esperar pelo parto para pelo menos ver o rostinho do bebê é a possibilidade de que o bebê viva por algum tempo sofrendo e dependendo de aparelhos para esperar o dia de morrer.

Como dito acima, chegou sua hora de usar esse órgão que lhe foi concebido para concluir que há como alimentar uma esperança onde não há esperança. Quem ama o próprio filho não quer vê-lo sofrer, e quem usa sua capacidade cerebral para o bem não deve permitir que o sofrimento de um filho se alastre e aumente também o martírio de uma família.
(Felipe Baldo- Extensivo Etapa- Colégio Ressurreição)

CRÔNICAS



É CADA UM NO SEU QUADRADO
Que a boa música está, gradativamente, cedendo lugar a versinhos sem sentido, com rimas pobres, miseráveis até, em favor de batidinhas de uma nota só, que visam apenas a coreografias de cunho sexual, não é nenhuma novidade. Basta nos remetermos a alguns destes célebres e heróicos feitos literários que têm marcado época: Dança do bumbum, Boquinha da garrafa, Atoladinha, dentre tantas. No último carnaval, por exemplo, a grande novidade foi “o créu”, cuja coreografia, de uma nota só (zero), baseada em cinco velocidades, imita, ah, deixa pra lá.... Outro dia, vi uma menininha dos seus cinco anos, numa festinha de aniversário, no ritmo alucinante da velocidade cinco e os pais, como os demais convidados, achando graça, sem esboçarem qualquer constrangimento. Fiquei pensando se ela estava sabendo o significado daquele ritmo. Quis crer que aquela pequena cria não soubesse o significado do créu. Precisamos manter o otimismo, minha gente! Acho que, se o nosso bom Bilac pudesse ouvir aqueles versos (?) profanos e insanos, não creria: reviraria no túmulo, quiçá quisesse até* subir ou descer até* Freud só para entender o que acontecera “à última flor do Lácio”, cada vez mais impura, em verso e prosa, ou mesmo na cara dura. Desculpe, caro leitor, se me empolguei com a situação. É que esses feitos “literários” são tão contagiantes! Mas prossigamos ao bom estilo machadiano.

Outro dia, Capitu, com olhos de ressaca, não como a outra, mas por causa da balada, pegou o seu ipod, que na escola não “pooode”, e me apresentou outra pérola da nova geração da música brasileira, ainda quentinha, pois, segundo nossa heroína, a “canção” tinha sido lançada naquela semana: a dança do quadrado. Ao final da execução dos seus quatro longos minutos, eu já sabia a música. Fiquei estupefata, afinal não tenho muita facilidade de memorização de música. Como poderia ter aprendido da primeira vez (!?), exclamava eu, quando me dei conta de que a música se limitava ao complexo refrão: “Ado, ado ado/ Cada um no seu quadrado”! Fiz-me mentalmente o gutual “daaaar”, que, como Machado de Assis, está na crista da onda. Tá pensando o quê, caro leitor? Sou moderna! Mas o fato é que aquele ritmo, confesso, com um pouco de pudor, ecoou-me na cabeça por alguns dias. Fiquei pensando como alguém tivera a “criatividade” de ousar investir em algo tão tosco, tão quadrado. Mas ao cabo de minhas profundas reflexões, concluí que quem estava sendo quadrada era eu, afinal o novo ritmo, interativo (qualquer semelhança será mera coincidência), seguia a nobre linhagem da “barata da vizinha”, só que mais, bem mais, inocente. Foi, então, que decidi que não! Definitivamente, não seria, como disse Drummond, poeta, no meu caso, cronista, de um mundo caduco. Não me valeria da Poética de Aristóletes, seguida à risca por Camões, Homero e tantos outros imortais, para julgar, condenar, aquela inocente mocinha, digo, modinha, por quem, confesso, já tinha me afeiçoado, afinal me lembrava Nelson Rodrigues: tosquinha, mas inocente. A inocência a salvara! Afinal brotara, heroicamente, no mesmo contexto da infame “Eu puxo os seus cabelos/ Faço o que você gosta (...)”. E foi justamente essa afeição que me fez procurar analisar o seu teor filosófico e advogar por ela. Então, retoricamente, tive a grande sacada:

Caro tribunal, por que há tantos problemas no mundo? Porque fica cada um no seu quadrado! A violência, por exemplo, ocorre basicamente porque o agressor, o transgressor, é incapaz de se colocar no lugar do agredido. Ele é destituído de altruísmo.

Por que a falta de altruísmo? Bem, senhores, são muitas as respostas, mas todas elas apontam para uma única verdade: porque fica cada um no seu quadrado! Porque somos egoístas! Hoje, os jovens são educados para serem vencedores, pois a sociedade é extremamente competitiva, seletiva. Isso faz de cada amigo, cada vizinho ou colega de sala, de trabalho, um concorrente em potencial. Numa hora extrema, do “é ele ou eu”, o eu prevalece. Às vezes, a qualquer preço. Às vezes, essa vitória vale uma vida, uma vida ceifada. Espelhemos, pois, no famoso caso Isabella, por exemplo: o que a promotoria alega é que o crime ocorreu para acobertar um delito da madrasta.O casal, para não se prejudicar, cometeu um ato extremo. Como muitos de nós fazemos quando, por bem menos, complicamos os outros para salvar o nosso quadrado, as nossas verdades. Ou, às vezes, para salvar o nosso redondo mesmo.

Por que, em meio a tantos alertas para o aquecimento global e a degradação da natureza, as pessoas discutem causas, soluções, mas, na prática, estas não ocorrem ou ocorrem inexpressivamente? Elementar, meu caro Watson: porque fica cada um no seu quadrado! Porque estamos tão presos a nossos mundinhos que não sentimos, no nosso íntimo, que o problema é nosso também. Estamos muito ocupados com nosso trabalho, com nossa fatura do Mastercard, com nosso cachorro, com nossa sogra, com nosso carro...que não dá tempo de fazer algo pelo planeta. Temos uma tendência a achar que isso quem tem que resolver é o Bush, a ONU, as grandes madeireiras, as grandes indústrias... o Papa! E deixamos os nossos filhos comerem chocolate e jogarem o papel pelo vidro do carro, afinal que importância tem esse detalhezinho para o planeta? Falando francamente: estou muito ocupado para dar sermão no meu filho! E, por falar nisso, é a escola quem tem que educar os nossos filhos, afinal pagamos-lhe (direta ou indiretamente) para isso. Estamos muito ocupados, preocupados em ganhar dinheiro e dar uma boa vida a nossos filhos. E depois, quando os nossos filhos viram uns boas vidas na vida, temos, obviamente, quem martirizar: a escola, é claro, caras testemunhas!

E, aproveitando o gancho: se não aprendemos matemática, por exemplo, a culpa é dos nossos professores, que nos fazem sentir incapazes diante de tamanhos problemas. O que acrescenta à minha vida saber o valor de X, se eu nem mesmo sei o valor da maioria das coisas? Ou, sem noção, cara!(...) E língua portuguesa? Por que tenho que aprender a me expressar em norma padrão se não existe nem padrão para as regras de ortografias? Por que não posso usar VC (por “você”) e PQ (por “por que”) na redação, se uso no orkut e no msn? Pô, muito paia! E em quê vai acrescentar à minha vida ler esta crônica? (...) Para quê estudar espanhol se eu, falando português, entendo o que o carinha espanhol fala? (...) E por que existem tantos tipos de porquês? Por que não escreve tudo igual? Em suma, se vamos mal, é porque (agora junto, viu?) as regras não são claras, os professores são obtusos, a escola, repressora, nossos pais não nos incentivam ou nos dão a devida atenção, enfim, porque estamos mal assessorados, e nunca por culpa nossa, nossa máxima culpa, véi!

Em suma 2 e final, porque estamos cada um no MEU quadrado! Estamos tão presos às nossas verdades que não vislumbramos novos horizontes, não olhamos por outro prisma e, assim, perdemos a grande oportunidade que o Universo nos dá de nos construirmos, de melhorarmos a cada novo dia! Não se trata de eliminar o nosso quadrado, mas de apararmos as arestas entre o nosso e o do nosso semelhante. Não mudemos apenas por mudar o nosso quadrado! Deixemos nós de sermos quadrados, ampliando-o, levando-o, estendendo-o ao próximo e deixando que ele traga o seu até nós! Compartilhemos! Assim, cada um, do seu quadrado, pode contribuir para uma causa maior, para sua automelhoria, do seu semelhante, e do mundo, que é redondo talvez para nos darmos as mãos, numa ciranda, que vai se “compledando” para completar algo maior e melhor do que nós. Acho que não é à-toa que a forma mais perfeita é a esfera, harmônica, que não deixa ponta, arestas que machucam ou arranham quando em contato com outrem. Perdoem-me os físicos se eu disse uma idiotice do ponto de vista científico, mas esse afã de defender a ideia (e apenas a ideia) da inocente modinha me inspirou profundamente e as linhas deste texto transcenderam a intenção inicial: passou de uma intenção meramente literária, embrenhou-se no universo jurídico e tornou-se quase uma experiência religiosa, com direito a uma pieguicezinha básica, afinal, caros leitores, eu sou básica! Mas essa é outra história, outra música, e a protagonista agora é, ou melhor, era, a minha, a sua, a nossa modinha!
(Waner Duarte)

MORTE E VIDA PEREGRINA

Viver, promovendo a vida! Foi o que fez Zilda Arns, uma das milhares de vítimas da tragédia do Haiti. A médica e sanitarista, que se encontrava em missão humanitária naquele país, morreu perto daqueles por quem trabalhou por toda a vida: os mais necessitados. Foi pensando neles, mais especificamente naquelas que “herdarão o reino dos céus”, que a pediatra, na década de 80, aceitou o convite da CNBB para implementar junto à Igreja Católica um arrojado programa de combate à desnutrição infantil que se tornou referência no mundo todo: a Pastoral da Criança. Arrojado não apenas por sua abrangência, mas também por sua metodologia de índole humanitária, baseada na multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres. Por esse grande feito, Zilda Arns chegou a ser indicada, em 2004, ao Prêmio Nobel da Paz.

Uma luz que se apaga! Uma chama que acende! A vida (e morte) de Zilda Arns instiga e inspira. Pensar que, numa sociedade onde o materialismo impera, surgem pessoas - como ela e seus milhares de voluntários- que se despojam do apego à matéria, despojando, muitas vezes, até de si mesmas, em prol de uma causa maior, é, pelo menos, inspirador. O exemplo dessa brava mulher nos mostra que a paz, tão almejada em escala mundial, pode ter o seu caminho trilhado em doses homeopáticas, num trabalho quase que artesanal. De porta em porta, hoje milhares de voluntários levam solidariedade e conhecimento sobre saúde, educação e cidadania a milhares de famílias. Uma verdadeira “corrente do bem”, hoje enorme, inspirada no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas.

Multiplicação! Talvez seja essa a visão que Zilda Arns teve e que nos falta quando preferimos nos omitir, achando que nossas ações em prol da melhoria da nossa realidade surtem pouco e quase nenhum efeito. Se, inversamente, quando nossas aparentes insignificantes ações contra o meio ambiente, como lançar nele uma garrafa PET ou uma sacola plástica, em escala macro, podem levá-lo (ou nos levar) à ruina, por que pequenas ações proativas não podem melhorar nossa realidade? De muitas pétalas é feita a flor; de muitas andorinhas se faz o verão. Mas o problema é que também nos falta a ideia da soma. Preferimos o negativo: uma pétala sozinha não forma uma flor; uma andorinha só não faz verão. E assim, duvidando de nosso potencial e colocando em xeque o dos outros, cruzamos os braços e caímos no lugar-comum: a culpa é dos políticos, dos capitalistas, dos nazistas, dos facistas, dos comunistas, dos petistas e todos os “istas”. E, ao nos limitarmos a apontar e a criticar os culpados, perdemos a oportunidade de apontarmos soluções, de fazermos algo para mudar o que precisa ser mudado. E assim a gente vai levando, o tempo vai passando e as coisas, piorando! Um gerundismo que se arrasta porque nos dividimos, cada um no seu quadrado, lutando pelas nossas causas individual’istas.

Zilda Arns somou esforços, multiplicou voluntários, dividiu conhecimento e diminuiu, significativamente, a desnutrição e a mortalidade infantil no Brasil e no mundo. Merece, com certeza, o título de “mulher que fez a diferença”. E nós? estamos fazendo? Inspiremos, pois, em seu exemplo de vida e em suas últimas palavras: “‘Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos’ significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade.”.
(Waner Duarte)

VIDA E MISSÃO
Sob o impacto da tragédia que se abateu sobre o povo do Haiti, morre Zilda Arns. A morte surpreende sempre, mas, nesse caso, soma-se ao sentimento de perda em face de seu trabalho, de seu compromisso com a vida e, principalmente, com o próximo. O bem-estar das crianças foi a preocupação que regeu a vida dessa batalhadora, médica e sanitarista, que chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Preocupou-se também com as pessoas idosas, sendo fundadora também da pastoral que atende a esse público.

Assim, nessa catástrofe, o Brasil perdeu um de seus mais expressivos ícones de dedicação às crianças, aos pobres, aos idosos e às causas sociais. Uma referência. O verdadeiro sinônimo de luta pelos mais carentes, do combate férreo à mortalidade infantil e a busca pela melhoria na qualidade de vida dos mais necessitados.

Zilda Arns deixou milhões de órfãos, não só no Brasil, mas no mundo, consistindo, assim, em uma perda mundial, que enluta todos que anseiam por um mundo com menos dor e sofrimento. Zilda mostrou que é possível, através do trabalho voluntário, enfrentar os problemas sociais e reduzir o sofrimento dos mais pobres. Portanto, fica agora o nosso dever ético de dar continuidade ao trabalho por ela desenvolvido, pois como ela mesma afirmou: “a paz é uma conquista de todos”.

A doutora Zilda estada onde precisa estar, no país mais pobre das Américas, repassando conhecimento para que os haitianos tivessem ferramentas para enfrentar a miséria. Ela estava onde precisavam dela, ensinando e cumprindo sua missão. Morreu em missão, como viveu toda a vida. Como disse o presidente do Conselho Federal da OAB, Cezar Brito: “A morte de Zilda Arns, em plena ação missionária no Haiti, tem a dimensão trágica e poética do artista que morre em cena”.
(Bruna Gomes Sanches- Terceiro ano A- Colégio Ressurreição)


FRATERNIDADE, ALICERCE DA PAZ
“Amar é acolher, é compreender, é fazer o outro crescer”. Zilda Arns resumiu muito bem sua vida e suas ações com tal frase. Médica pediatra e sanitarista, dedicou sua vida à luta contra a mortalidade infantil, desnutrição e violência. Sua estrela se apagou (ou se eterizou) no terremoto do dia 12 de janeiro deste ano, enquanto ela levava esperança, saúde e fraternidade às famílias haitianas.

Com a Pastoral da Criança, sua obra mais difundida, Zilda promoveu não só educação, cidadania e solidariedade, mas também a multiplicação de conhecimentos sobre nutrição e saúde. Foi assim que ela salvou milhares de crianças da desnutrição e até mesmo da morte. Seu exemplar altruísmo nos mostra o caminho para a paz.

A paz é uma conquista coletiva, de inúmeros esforços, do cultivo dos mesmos sonhos e valores, respeitando a diversidade cultural, pois quando subjulgamos uma cultura, fracassamos na tentativa da construção de um mundo melhor. Para haver paz, deve haver uma conversão, já que mentes já endurecidas serão eternas barreiras na busca de qualquer tipo de melhora. Conversão esta que é o efeito do amor verdadeiro.

“O amor expresso na solidariedade fraterna é capaz de mover montanhas”. Esse amor tão cultivado por Zilda Arns é a força propulsora das transformações sociais, é a base da paz. Esta, por sua vez, deve ser alicerçada por nós e efetivada pelas gerações futuras através da educação, de lares estáveis, da fraternidade, ou seja, da continuação de legados, como o da doutora Zilda.
(Carolina Soares- Terceiro ano B- Colégio Ressurreição)


FAZER VALER A PENA

Todos nós - ou, pelo menos, a grande maioria - estamos cientes de que há milhares de pessoas no mundo precisando
desesperadamente de ajuda, mas, infelizmente, pouco temos a atitude de ajudar. Talvez por estarmos muito preocupados em suprir nossas necessidades materiais ou até fúteis e, assim, não nos sobra tempo para olharmos para os lados e enxergarmos que quem trilha o caminho conosco pode estar afogado em sérios problemas enquanto estamos mergulhados no nosso próprio ego.

Bons exemplos de vida não nos faltam. Felizmente, ainda temos notícias de pessoas que fizeram ou fazem a diferença, exemplos como o de Zilda Arns, que dedicou sua vida a salvar crianças pobres da desnutrição, violência e mortalidade, além de ajudar idosos e adolescentes, ensinando às famílias que a educação é a melhor forma de combater a marginalidade e as doenças de fácil prevenção.

Com força de vontade e a ajuda de milhares de voluntários, conseguiu melhorar a realidade de milhares de famílias espalhadas pelo Brasil e em outros países. Ela estava em missão naquele país, procurando lá introduzir a Pastoral da Criança, quando houve, no dia 12 de janeiro deste ano, o terrível terremoto de 7 graus na escola Richter que ceifou milhares de vidas, entre elas, a da doutora Zilda, uma vida dedicada à Vida. Suas atitudes nos levam a tomar maior consciência, instiga-nos a olharmos além dos nossos próprios narizes e a oferecermos solidariedade a quem precisa.

Hoje o sol brilha para todos, mas acredito que um dia ele se apagará e ficaremos apenas com as lembranças e experiências de vida. Todos os bens que compramos ou a que dávamos tanto valor não resultarão em nada, apenas a essência resistirá. Quando isso acontecer, vamos querer olhar para trás e nos arrependermos de não termos erguido sequer uma poeirinha do chão deste mundo. E antes que isso aconteça, vamos, como Zilda Arns, fazer valer a pena nossa existência, afinal é para isso que estamos vivos.
(Gabrielly Ferraz- Segundo ano B- Colégio Ressurreição)


NÃO PRESERVANDO A AMIZADE
Não sei por que o namoro tem que ser tão complicado quando se envolve “família”, seja do homem ou da mulher. No meu caso, é a dela, que está sempre complicando, inventando e todos os “ndos”. Mas depois de um ano e pouco junto à garota que me faz sorrir todos os dias, a sua família também se tornou a minha família dois. Todavia nem sempre foi esse mar de rosas. Me lembro com angústia do primeiro jantar com o tal xerife da família, ou seja, o pai dela, no qual as coisas não ocorreram como o esperado. Espia só:

No dia anterior ao desastroso jantar, fui à farmácia comprar um certo objeto de prevenção, no escracho, a “camisinha”. Cheguei à farmácia e pedi ao tão simpático farmacêutico que me pegasse um preservativo. O tal moço me perguntou com ares de homem sacana:
- Hum... a festinha vai ser boa, né?
No que respondi animado:
- É que tenho um jantar com a família da minha namorada amanhã. O cardápio eu não sei ainda, mas a sobremesa...
E acrescentei com um risinho debochado:
-Ela é tão linda, quente, me provoca que é uma coisa... Af!

Gente boa pacas, o farmacêutico me deu os mais excitantes preservativos da farmácia. Ainda indicou um oleozinho da hora (sugestão acatada) e o melhor: me deu aquele desconto. Empolgado, me despedi do cara que me atendeu superbem e deixei, cantarolando, o local.

E, enfim, o tão esperado jantar chegou. Estávamos todos à mesa. Eu, por outro lado, mal degustei o tão saboroso jantar feito por minha amável sogra. Todos estavam se divertindo como crianças, aliás, todos vírgula: menos meu sogro que, com expressão truculenta, mais parecia um urso feroz, e eu, descabriado no meu canto, murchinho, murchinho. Me vendo naquele estado, minha namorada, que não é boba, me perguntou:
- Por que está assim, querido? tão tímido... Você não é assim!
E mesmo sabendo que ela não entenderia, sussurrei em seu ouvido:
- O problema é que você não me avisou que seu pai era FARMACÊUTICO!
(José Pereira- terceiro B- Colégio Ressurreição)


SER POBRE É UMA ARTE


Certo dia, sentado à mesa de uma casa de classe média alta, cheguei a uma terrível conclusão: o pobre é o assunto preferido do rico. Tudo o que acontece é motivo de piada envolvendo alguma atitude das classes menos favorecidas. No meio desse antro de besteiras, refleti sobre as atitudes inconvenientes que fazem dos pobres a piada dos ricos.

Tudo começa no registro do pequeno pobre. A mãe, ao invés de colocar um nome comum na pequena criança, sente-se na obrigação de chamá-lo por nomes ingleses. É Ley, Ney, Crey e Tion pra todo lado. Quando o indivíduo começa a crescer, logo é encaminhado à creche, que nunca tem vaga, mas depois de um “barraco” da mãe que se diz “trabalhadeira”, a diretora acha vaga até pra cachorro.

Na adolescência, assim como todos nessa faixa etária, o pobre quer curtir, e não demora muito pra aparecer de barriga. Como diz Caco Antibes, o inoxidável personagem de Miguel Falabella: “o pobre é férti”. Quando pega seus vinte e poucos anos, o nosso herói casa-se, arruma emprego e filhos, muitos filhos. É nessa instância da vida do pobre, que acontecem a maioria dos incidentes responsáveis pelos risos dos zombadores. Por exemplo: A dona de casa faz da sobra de ontem um arroz de forno, balança a toalha da mesa na janela, grita a vizinha pra emprestar açúcar, põe placa de "vende-se juju" no portão, faz do domingo “o dia da marmita”, e por aí vai.

Quando está entrando na terceira idade, os senhores e senhoras, devido à sua vasta experiência, conquistam o crachá de pobre. O que seria, porventura, o “crachá de pobre”? Essa identificação é como uma identidade adquirida ao longo da vida. Quando esse guerreiro começa frequentar o bingo, usar neocolônia pra ir ao supermercado, alugar van pra ir a casamento, “psicotizar” em família pra comprar um carro novo e gritar “eu vou com ele” no enterro do companheiro, é um sinal de que o pobre conquistou seu crachá.

Após essa reflexão de humor negro, concluí que ser pobre é uma arte. E, como toda arte, para se tornar inesquecível, necessita de aplausos, comentários e críticas. Então é evidente que a pobreza está no caminho certo. Os ricos talvez riem e comentem por vontade de ter a descontração, a despreocupação e o poder do pobre, porém é óbvio que nenhum engravatado assumiria esse sentimento em público.
Os pobres estão dominando a política, a economia e as universidades, e, aos poucos ,colocando fim nas desigualdades. Porém, a relação “um manda e o outro obedece” sempre estará presente, mas de uma forma mais igualitária e humana. Se hoje os ricos dependem dos pobres até para dar risada, amanhã estarão fazendo churrasco na laje, ou rindo da própria desgraça.
(Felipe Baldo- Extensivo Etapa- Colégio Ressurreição)

O FURO DA REPORTAGEM
Em uma reportagem para o programa PQP, o repórter Rafael Castros, encontrou a atriz Carolina Hickman no aeroporto de Guarulhos. Ele, “tão pouco” curioso, quis logo saber o motivo da presença da beldade no local. A artista não poupou “simpatia” e lhe deu um belo de um fora, dizendo:

-Se fosse de sua conta, teria marcado uma coletiva – e, imediatamente, colocou seus óculos escuros e saiu em direção ao check-in.

Rafinha, por sua vez, não estranhou o humor característico da atriz, dizendo, guturalmente, aquele ditado que diz que “ a vingança é um prato que se come frio”. E, de fato, a vingança tarda... mas não falha!

Atraído por uma movimentação estranha, o repórter saiu em disparada na direção ao avião no qual a celebridade estava embarcando. Para o susto de todos, a atriz, ao subir os últimos degraus, tropeçou, escorregou alguns deles e caiu em uma posição constrangedora. E, para completar, um vento soou a “seu favor”, levantando seu vestido e mostrando sua discreta calcinha vermelha e, como se não bastasse, com um furo na dianteira.

(Ana Carolina e Patrícia- Segundo C- Colégio Ressurreição)

FIM DO RELACIONAMENTO
Atualmente, casamento não é algo que dura a vida toda, como antigamente. Você pode se casar hoje e se separar amanhã. É para isso que inventaram o divórcio. A verdade é que, para os que se amam realmente, nem é necessário casamento; eles vão logo morar juntos e, quando o amor acaba, dá menos trabalho para se separar, afinal não existe contrato algum dizendo: “até que a morte os separe”.

A prova de que casamento é um estado civil transitório como outro qualquer é que não se precisa de muito para destruí-lo. Por exemplo, como eu posso aceitar que meu marido fique se derretendo pela Angelina Jolie, quando ele tem uma mulher com muito mais que ela em casa? Muito mais gordura, celulite, estria, eu concordo, mas não deixa de ser algo a mais.

Outro dia mesmo, eu estava conversando com minha prima que é juíza da área do casamento, e ela me disse que havia acabado de resolver um divórcio pouco antes de nossa conversa. Eu perguntei por que mais um casal de pombinhos apaixonados de repente resolveu se divorciar, e ela respondeu que se tratou de compatibilidade de gênios. Intrigada com a resposta, questionei se não se tratava de "incompatibilidade", uma vez que seria o mais óbvio. Surpreendentemente, ela me disse que não, e começou a explicar o caso:
- Ela gostava de ouvir música, e ele também; ela gostava de ir à praia, e ele também; ela gostava de ir ao shopping, e ele também; ela gostava de comprar vestido, e salto alto, e ele também.

Neste dia, me veio à mente seguinte pergunta: “Se nem mesmo gênios compatíveis conseguem segurar um casamento, como os opostos, que são quem geralmente se atraem, conseguirão?”. E dessa forma concluí que, o melhor meio de se evitar um divórcio é realmente nunca se casar!
(Karen- terceiro ano A- Colégio Ressurreição)


CAFÉ, BISCOITOS, ESCRITÓRIO E JOGOS

Ele acordou. Mesmo com sua mulher dormindo, beijou-lhe o rosto. Foi ao banheiro, escovou os dentes, lavou o rosto, voltou para o quarto e vestiu o uniforme do serviço. Depois foi para a cozinha, preparou o café e marchou para a padaria mais perto de sua casa. Comprou pão e biscoitos de polvilho. Sua mulher comia o pão e ele os biscoitos. Ao voltar para a casa, preparou a mesa do café da manhã. Comeu seus biscoitos, tomou seu cafezinho e voltou para o quarto. Deu leves sacudidelas em sua mulher até ela acordar. Ela acordou, e para ele completar seu ritual matinal, deu-lhe um "beijinho de tchau" dizendo que já ia para o trabalho, que era pra ir comer rápido antes que o pãozinho esfriasse e que o café ficasse ruim, pegou a bolsa com seu notebook e saiu.

Eram umas sete da manhã quando chegou no trabalho, um escritório de contabilidade. Deu bom-dia para todos seus colegas, sentou em sua mesa e viu na agenda o que tinha de fazer. Estava fazendo seu trabalho, como de costume. Depois resolveu dar algumas pausas para ir à sala do café bater um papo com o pessoal e comer mais biscoitos de polvilho. Ele amava biscoitos de polvilho, realmente. Faltava uns cinco minutos para a lotérica perto do escritório abrir e, como todo dia, avisou seus amigos que ia dar uma saidinha rápida, apenas para deixar seus jogos da mega com a moça da lotérica, para ela passar depois. Ele foi a pé mesmo. Demorou pouco tempo para chegar. Quando chegou, viu que tinha acabado de abrir e que nem fila tinha. Então decidiu ficar esperando seus jogos serem passados, para que não houvesse a desastrosa possibilidade de que a moça não passe seus amados joguinhos com o mesmo esquema de números que jogava há uns cinco anos, desde que começou a trabalhar no escritório e que sonhava sair da vidinha tradicional que levava com sua esposa. Ele gostava mais de jogos do que de biscoito de polvilho.

Voltou ao trabalho. Mais um dia se passou como os outros: telefonemas, dores de cabeça, tédio, raiva e etc. Acabou o expediente, foi para o bar com os amigos. Bebeu algumas cervejas e voltou para casa. Chegando, tomou banho, jantou com sua mulher, assistiu à novela com ela e depois foi para a cama, também com ela. Ambos dormiram; nada demais aconteceu. Ao acordar no outro dia, realizou seu mesmo ritual matinal: foi para o escritório, resolveu os mesmos pepinos, comeu os biscoitos e tomou café. Só que nesse dia, chegando na lotérica, olhando para seus jogos e pensando que em anos jogando os mesmos números nunca ganhou mais que algumas centenas de reais em algumas quadras na mega...decidiu mudá-los. Preencheu novos volantes, enfrentou uma pequena fila e entregou os novos jogos para a moça registrá-los. Depois dessa mudança, contou radiante da mudança para seus amigos do trabalho, do bar, e também para sua esposa quando chegou em casa. Esperou ansioso o dia do sorteio chegar.

O dia do sorteio chegou! Fez todos seus rituais de casa e do serviço. Foi correndo para a lotérica, pegou o resultado e, trêmulo, tirou seus jogos para conferir. Não havia acertado nenhum número, mas para aumentar sua desgraça, os números sorteados correspondiam exatamente a sua antiga sequência de números. Ficou sem reação, não xingou, não bateu na parede, não se culpou; apenas ficou ali “parado com cara de veado que viu caxinguelê” pensando que seu sonho de mudar de vida. Foi embora por culpa de sua súbita decisão de romper com uma pequena parte de sua própria mesmice diária, mudando os malditos números da maldita mega-sena. Foi nesse dia que ele não comeu sequer um biscoito no escritório, que ele mais bebeu no bar e que não jantou com sua mulher, nem viu novelas com ela e que foi dormir antes dela.

(Murilo Toffanelli- terceiro ano A- Colégio Ressurreição)

A EQUAÇÃO DO PROBLEMA

Um dia qualquer, após discutir com minha mulher, fiquei pensando o porquê de as mulheres darem tantos problemas. Pensei de forma filosófica, cultural e até na historia, mas acabei achando a resposta para isso bem na matemática.

É uma equação complicada e começa com: “Para encontrar uma mulher, você precisa de tempo e dinheiro”, então “ Mulher = tempo x dinheiro”.

Após gastar todos os meus neorônios para pensar nessa equação, continuei a desenvolvê-la: “Tempo é dinheiro”, então “Tempo = Dinheiro”.

Substituindo uma equação pelaoutra, cheguei à primeira conclusão sobre esse mistério: “Mulher = (Dinheiro)²”. Através dessa fórmula, comecei a entender o fato de as mulheres gostarem tanto de compras e shopping.

Entretanto, “Dinheiro é a raiz de todos os problemas”, dessa forma: “Dinheiro = (√problemas)”. Substituí novamente essa fórmula pela outra e achei a resposta para minha pergunta: “Mulher = (√problemas)²”. Cortando a raiz com o quadrado(²), achei a fórmula principal: “Mulher = Problemas”.

Esforcei-me tanto para descobrir essa fórmula, que nem percebi que o dia já estava acabando. Fechei meu caderno com a preciosa fórmula e fui dormir COM O PROBLEMA.

(Ricieri- terceiro ano A- Colégio Ressurreição)